O ultimo Guarani Nomade

"O homem falso branco brasileiro é um homem muito burro pois consegue se ver negro que veio do outro lado do Grande Mar mas não consegue se ver índio que sempre morou e viveu aqui."
Ricardo V. Barradas

REPRODUÇÃO FOTOGRÁFICA
A LÁPIS GRAFITE


O ÚLTIMO GUARANI NOMADE

Desenho a lápis grafite da Faber Castel em papel Canson de 120 g/m² mod. A4 de 210mm x 297mm
Peça do acervo técnico do artista - Disponível para venda com moldura de alumínio por R$ 100,00
Natal - RN., 11 de agosto de 2017


Foto selecionada na internet em uma reportagem sobre os índios guarani na Jureia-SP. Este e o registro de um dos últimos remanescentes dos índios Guaranis nômades, que viviam miseravelmente na Jureia na década de 1980.


"Pesquisa recém-concluída através do Grupo de Educação Indígena da Universidade de São Paulo (Durante o governo de FHC) sobre a situação de saúde dos povos indígenas em São Paulo revelavam que pelo menos 65% dos 3.000 índios do Estado passam fome. São cerca de 2.000 crianças, jovens e adultos Guarani Mbyá, Nãndeva, Pankararu, Kaingang e Fulni-ô, que vivem em péssimas condições de saúde em aldeias e favelas da Grande São Paulo e do litoral paulista.

As crianças apresentam baixo peso, barrigas enormes e a pele flácida - características da desnutrição. Os corpos de jovens e mulheres trazem sinais de envelhecimento precoce. Tapeiam a fome com fumo de corda e uma mistura saturada de açúcar com um toque de café, a borra reaproveitada. Os poucos homens que ainda permanecem nas aldeias se encontram em estado de fraqueza, sem condições físicas e emocionais para trabalhar a terra que, em alguns casos, nem existe. Em outros, como a Rio Branco II, a terra está cansada e cheia de pragas.

Nas outras aldeias, praticamente não existe assistência à saúde. As vacinas ou não foram dadas ou estão atrasadas. As atendentes de enfermagem estão proibidas pela Funai de administrar qualquer medicamento, após denúncia de que havia grande quantidade de remédios com datas de validade vencida nas aldeias. Limitam-se a visitar aldeias e encaminhar casos graves de desnutrição, doenças respiratórias e outros males aos hospitais locais.

Num país onde o exótico garante autenticidade ao índio, a ausência de adornos plumários, o uso de roupas surradas e a falta de dentes faz com que os índios de São Paulo sejam rebaixados à categoria de mendigos - da mesma forma que Galdino Pataxó morreu queimado em Brasília.

Depois de um surto de nefrite, causado por sarna e outras doenças de pele crônicas, e que levou à hospitalização 41 índios em junho passado, o Hospital Regional do Vale do Ribeira constatou a desnutrição crônica dos índios da área.

A Funai alega falta de recursos. É certo que o repasse de verbas por parte do governo federal caiu nos últimos anos, mas é inadmissível que os recursos disponíveis sejam gastos indenizando latifundiários que sustentam títulos de propriedade em terras tradicionalmente indígenas.  A Funai vem compactuando há anos com este negócio altamente rentável (há mais de 300 pedidos semelhantes aguardando indenização do órgão), apesar das repetidas denúncias de procuradores e peritos antropológicos.

Insensível às visões específicas de mundo, de corpo, de saúde e daquilo que os índios chamam de "doença da alma", o governo não tem investido na melhoria de condições de vida dos povos indígenas do Estado . É verdade que a Comunidade Solidária da antropóloga vem distribuindo cestas básicas (arroz, fubá e macarrão) a cada três meses, em algumas aldeias de São Paulo. A oferta destas cestas não exime o governo, no entanto, de cumprir com a obrigação de zelar pelo bem-estar dos povos indígenas brasileiros (e não de latifundiários!), o que requer o conhecimento das reivindicações destas sociedades, amplamente divulgadas nas conferências indígenas de saúde e educação.

Mariana K. Leal Ferreira é doutora em Antropologia Médica
pela Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA)
e faz pós-doutoramento no Departamento de Antropologia
da Universidade de São Paulo (USP)/"

Fonte: https://site-ntigo.socioambiental.org/website/parabolicas/edicoes/edicao46/reportag/pg5.htm

Agradecemos a atenção de todos e até a próxima se Deus nos permitir.

Erivan Soares

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